Não adianta hoje chamar a turma que luta pela preservação ambiental de “caranguejada”, de “ser contra tudo” se, logo mais ali em frente, encarar-se-á o que hoje se está encarando em São Paulo.
A terra das oportunidades acabou oferecendo oportunidades demais.
Uma vez li na Revista Superinteressante uma análise muito boa sobre o capitalismo, com a qual concordo 100%. O livre mercado é muito bom. Porém, há algumas coisas que não tem preço – e NÃO PODEM receber, por nada, um preço. Uma análise chamada “O grande erro da economia”.
Pode parecer longo, mas o texto é bom e esclarecedor:
“A Teoria Econômica Clássica é brilhante. A ideia básica, formulada pelo filósofo escocês Adam Smith em 1776, é que o mercado é a melhor maneira de determinar o valor das coisas. Ponha algo para vender, espere até alguém aparecer querendo comprar e pronto: logo um preço surgirá. Se a oferta aumentar, o preço cai, se a demanda subir, o preço sobe. Simples, prático e genial. Mas, infelizmente, essa teoria contém um pequeno erro. Pequeno, mas, se ele não for corrigido, o mundo acaba.
O erro de Adam Smith é que ele se esqueceu de pensar que certas coisas não têm preço. Isso porque algumas coisas têm mercados que movimentam dinheiro e outras não. Imagine uma árvore milenar, crescendo sem dono no meio da Floresta Amazônica. Não há mercado nenhum em funcionamento aí – dinheiro nenhum muda de mãos enquanto a árvore cresce e os séculos passam. Mas, se formos até a floresta com uma serra, fatiarmos a coitada em tábuas e colocarmos as ditas cujas para vender a R$ 5 o metro linear, vai surgir um mercado. Alguém aparecerá querendo comprar e aí é uma beleza: a economia se move, dinheiro circula, o PIB aumenta, o Brasil cresce. Derrubar árvores aumenta o PIB, plantar árvores não.
A árvore crescendo majestosa no meio da floresta não tem preço, mas isso não quer dizer que ela não tenha valor. Ela tem – por exemplo, para os milhões de seres que habitam sua copa e curtem sua sombra. Ou para as pessoas do futuro que sofrerão de doenças cuja cura está nos genes de um desses seres. Ela tem valor para todos os habitantes da América do Sul, já que as árvores amazônicas propulsionam uma “bomba biótica” – soltam umidade na atmosfera e os ventos oceânicos empurram essa umidade para o continente todo, garantindo as chuvas e, portanto, a fertilidade, do cerrado aos pampas.
Não é um valor teórico – é concreto, real. (…)”
Leituras:
Por que desmatar 79% da área de mananciais secou São Paulo:
http://envolverde.com.br/ambiente/por-que-desmatar-79-da-area-de-mananciais-secou-sao-paulo/
O grande erro da economia:
http://super.abril.com.br/blogs/mundo-novo/2013/08/12/o-grande-erro-da-economia/